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"Escrevo, leio, rasgo, toco fogo e vou ao cinema." (Torquato Neto)

25 de dezembro de 2013

Zolpidem

Já não preciso de nada além,
apenas das minhas longas raízes
que se estendem pela terra,
emaranhando-se em um velho tecido.

Meu teclado alagou-se de água escura,
não sei se vem dos céus
ou do útero da terra,
dos meus olhos pesados,
ou das minhas mãos que suam.

Talvez o mar tenha mandado um recado
que eu não vou receber.
Não terei que explicar
que suas belas sereias
Não passam de ilusão,
coleções quebradas,

poeira, areia e velhas maldições.

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21 de dezembro de 2013

Carne exposta

Sou involucro,
LUCRO,
carne mal temperada.
Bem ou mal passada?

Por dentro, vazio escuro,
para o olho na rua,
apenas carne crua,
visão tenra, macia.

E por dentro? Não enxergam o que me passa?

18 de dezembro de 2013

Me passe o balde?



Vomito esse poema
com convulsões de estômago e alma,
bílis negra feita de spleen.
Palavras malditas
correm nas minhas entranhas,
refletem o que sou:
invertida e estranha.

“-Pequena estranha,
vomita tudo e não me engana!
O  Deus cruel, nessa máquina fria,
te fez invisível e minúscula,
só te aparecem os  vômitos,
seus fluidos de monstro profano,
que não chocam e não amedrontam.

“-Pequena estranha, seu hálito não me engana,
 vomita esses versos na minha cama.”