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"Escrevo, leio, rasgo, toco fogo e vou ao cinema." (Torquato Neto)

30 de outubro de 2013

Poetisa de palavras tortas

É pouco verso
para muita prosa,
para muita palavra torta.

Pouco ritmo,
Para tanto medo,
Para tanto sangue,
choro,
destempero.

É verso torto,
Para a poeta torta,
Que só entende
de palavras mortas.

11 de outubro de 2013

Palavra-dolorida

Pela escrita,
Pelo sobe e desce
das palavras no papel,
a vida anda torta.
         ......
O bater constante de teclas,
o arranhar papel com caneta,
já não contenta.
Urge coisa qualquer além de bordar palavras,
algo próximo a costurar pele na pele,
boca no ouvido.
Coisa que não seja distante,
como  é o mundo de papel e tinta,
que não me sangre,
como sangra cada letra.
Coisa mais próxima do sopro
que alivia a dor do corte,
revés da palavra-doída
que arde a ferida exposta. 

3 de outubro de 2013

Meia-boca

Em frente ao espelho escovo a língua
na vã tentativa de me livrar do gosto acre
         que tomou minha  boca.
A covardia me voltou do estômago,
em ânsias de vômito.

Tudo valeria mais do que esse avesso,
Debaixo do cobertor negro,
Pontilhado de estrelas,
Que não me cobre os pés nem a cabeça.

Engulo a saliva
Que me corrói a boca,
Acaricio a taça,
A gota de vinho tinto
que se dissolveu na água.
Valeria mais que ser esse avesso.