Em frente ao espelho escovo a língua
na vã tentativa de me livrar do gosto acre
que tomou
minha boca.
A covardia me voltou do estômago,
em ânsias de vômito.
Tudo valeria mais do que esse avesso,
Debaixo do cobertor negro,
Pontilhado de estrelas,
Que não me cobre os pés nem a cabeça.
Engulo a saliva
Que me corrói a boca,
Acaricio a taça,
A gota de vinho tinto
que se dissolveu na água.
Valeria mais que ser esse avesso.