Eu te invejo,
Boneco cheio de carne,
Cheio de pedras,
Cheio de hormônios.
Eu te invejo,
Quando olho
Através do olho-mágico
Que é meu umbigo
E vejo o nada
E vejo o oco,
Onde o vento dança
Sem obstáculos,
Onde o sangue passa,
Ralo que nem água.
Eu te invejo,
Boneco cheio de veias
Cheio de pelos,
Quando olho
o fundo da minha garganta
E vejo o escuro
E vejo abismo,
Vejo um poço vazio,
Um corpo sem veias.
Eu te invejo,
Boneco de gelo e pedra
Porque seu corpo é só matéria
E o meu,
Fumaça e medo.